ILUMINÂNCIA

Carl Sagan em seu livro "Mundo assombrado pelos demônios", relata algo que pode ser a explicação pelo non sense do eleitor brasileiro frente a corrupção: "Se somos enganados por tempo suficiente, tendemos a rejeitar qualquer evidência de nosso engano. Não temos mais interesse em descobrir a verdade. O engano nos dominou. É demasiado doloroso admitir, mesmo para nós mesmos, que fomos capturados. Uma vez que você dá poder sobre você mesmo a um charlatão, é quase impossível recuperá-lo."

sexta-feira, setembro 29, 2006



Jabor retrata com fidelidade o momento atual...

Arnaldo Jabor - A verdade está na cara, mas não se impõe
O Globo
25/4/2006

O que foi que nos aconteceu? No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, “explicáveis” demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas. Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira.

Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada, broxa.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata.

Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão na bunda. A verdade se encolhe, humilhada, num canto.

E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de “povo”, consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações “falsas”, sua condição de cúmplice e comandante em “vítima”. E a população ignorante engole tudo.

Como é possível isso? Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados — nos comunica o STF. Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo. Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito...

Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me: “Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?”. A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo . A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada — só valem as versões, as manipulações.

No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.

Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República. São verdades cristalinas, com sol a pino. E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de “gafe”. Lulo-petistas clamam: “Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?”.

Sempre que a verdade eclode, reagem. Quando um juiz condena rápido, é chamado de “exibicionista”. Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de “finesse” do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando...

Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para coonestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo. Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em “a favor” do povo e “contra”, recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual. Teremos o “sim” e o “não”, teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional. A esquematização dos conceitos, o empobrecimento da linguagem visa à formação de um novo ethos político no país, que favoreça o voluntarismo e legitime o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.

Assim como vivemos (por sorte...) há três anos sem governo algum, apenas vogando ao vento da bonança financeira mundial, só espero que a consolidação da economia brasileira resista ao cerco político-ideológico de dogmas boçais e impeça a desconstrução antidemocrática. As coisas são mais democráticas que os homens.

Alguns otimistas dizem: “Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!”. Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos. Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros.

O Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade, e a novi-língua estará consagrada.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Noticias conflitantes:
fonte: PEGN

Desemprego cai e renda sobe em São Paulo

A taxa de desemprego da região metropolitana de São Paulo caiu de 16,7% da PEA (população economicamente ativa) em julho para 16% em agosto, segundo pesquisa da Fundação Seade-Dieese, como informa a Folha Online. Esse é o menor índice para o mês de agosto desde 1997, quando a taxa ficou em 15,9%.

Já o rendimento médio subiu 5,1% em julho, passando de 1.066 reais para 1.119 reais. Este é o terceiro mês no ano em que a renda do trabalhador não registra queda.


Impostos aumentaram 73% para os mais pobres

Os impostos pagos por aqueles que recebem até dois salários mínimos (hoje até 700 reais) subiram 73% em dez anos. Atualmente, 49% da renda dessa população vai para o pagamento de tributos. Em 1996, esse montante era de 28,2%, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da USP, como informa o InfoMoney.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Maria Helena Zockun, a maior parte dos impostos são aqueles embutidos em produtos 'Como as pessoas de baixa renda consomem quase tudo o que ganham, e até mais, contraindo dívidas, acabam pagando mais tributos', explica. Nesse intervalo de tempo, as tributações sobre consumo passaram de 26,5% para 45,8%.


A percepção da realidade contradiz a primeira notícia em função da segunda e dos preços controlados pelo governo. Algumas categorias estão com o salários congelados há 8 anos. Muitos serviços oferecidos a classe média, sobem em média 10% a.a.. Existe o congelamento da tabela do IRPF e a oscilação para cima do preço da gasolina, não retornando ao patamar anterior e com um aumento já anunciado para depois das eleições, claro. Imaginem então para quanto irá o preço do gás, nesse imbróglio de incomPeTência do governo, com essa graça de repartir o pão do brasileiro com seus vizinhos, como se não houvesse corrupção e problemas gerenciais nestas nações e a culpa fosse apenas do capitalismo neoliberal mundial.
Em vista do quadro descrito, de onde vem o aumento de renda?.

quarta-feira, setembro 27, 2006


Será mesmo?

TESES EQUIVOCADAS SOBRE O VOTO EM LULA
Cinco idéias falsas que impedem a adequada compreensão de como se formaram as intenções a favor da reeleição

Por Marcos Coimbra

A íntegra da pesquisa CartaCapital/Vox Populi pode ser encontrada na edição impressa.

A quinta rodada da pesquisa CartaCapital/Vox Populi, realizada, entre 16 e 19 de setembro, a apenas dez dias da eleição, confirma os principais resultados das que fizemos nas últimas semanas, daqueles de nossa rodada anterior, nos dias 26 e 27 de agosto, e das realizadas por outros institutos no mesmo período: o favoritismo de Lula e as grandes chances de ele vencer as eleições no primeiro turno.
comentário: vejam só, o local não é divulgado, sendo de suma importância. Realizar na favela do Heliopólis, reduto de Mercadante ou em Diadema, reduto petista, não serve como amostragem, assim como em algum reduto tucano.

Dario Lopez-Mills/AP
Lei Pelé.
O preconceito de que o eleitor não sabe votar é a base para muitos dos erros de análise
O favoritismo do presidente permanece e até aumenta, se consideramos que o tempo é cada vez mais curto para seus adversários. Com três quartos do horário eleitoral já transcorridos, não houve qualquer redução de sua vantagem sobre a soma das intenções de voto nos demais candidatos. Em agosto, contra os 50% de Lula, somavam 36% seus adversários; nesta última pesquisa, ele tem 51% e os outros, juntos, 34%.
comentário: o formato da pesquisa é questionável, não contempla grande parte do eleitorado tucano que está trabalhando ou em outras regiões. A areá central da cidade de SP, por exemplo, recebe a circulação de boa parte dos redutos de planos assistenciais. Mapas eleitorais de 2002 demonstram isso.

Por outro lado, reforçou-se a tendência à consolidação das intenções de voto em Lula, que vinha acontecendo desde os primeiros dias, após o começo do horário eleitoral: no fim de agosto, a relação entre voto espontâneo e estimulado já era muito alta, de 86%, e agora chega a 90%, sugerindo que apenas um em cada dez eleitores que pensam votar Lula é “menos definido”, o que se confirma com os 86% que afirmam estar “decididos e não pretendem mudar de idéia” sobre esse voto.
comentário: consolidam?. Recentemente visitei eleitores do PT que quando muito assistem o JN. gordas verbas publicitárias parecem estar sendo o motivo a desinformação, afinal, qual estatal irá bancar reportagem contra o governo?.

Lula está melhor hoje que, por exemplo, Fernando Henrique em meados de setembro de 1998, quando faltavam poucos dias para a sua reeleição. Em pesquisa nossa de então, FHC tinha 41% na espontânea e 49% na estimulada, índices inferiores, ainda que pouco, aos que Lula alcança nesta pesquisa.

Será que os acontecimentos dos últimos dias, com as novas trapalhadas de petistas dentro e fora do governo, vão mudar esse favoritismo? Será que o “dossiê” contra Serra, com suas ridículas maquinações e personagens, vai atingir o presidente?
Pode-se dizer, com segurança, que, passados os primeiros três dias com o assunto em pauta, nada ocorreu. Se daqui para a frente algo vai acontecer, só nos resta esperar para saber. Entretanto, somos livres para especular.
comentário: dossiê contra Serra?. Tipica informação plantada, na verdade falamos de um dossiê tabajara petista, mais falso que uma nota de R$3,00. Assistam a bobagem dos Vedoin e reflitam, imagens de entrega de ambulâncias, e dai?. No caso dos petistas envolvidos em escândalos, há indícios de manipulação de dinheiro e sabe-se lá qual a origem.

Pessoalmente, acredito que Lula continua favorito para ganhar as eleições no dia 1º de outubro, pela simples razão de que ele tem já, por tudo que as pesquisas indicam, um número de eleitores decididos amplamente suficiente para isso. Ou seja, as pessoas que dizem ter certeza de que vão votar em Lula bastam, mesmo se desistirem todos os que apenas quando estimulados optam por seu nome, chocados pelo assunto do “dossiê”.
Os “decididos” por Lula chegaram a essa conclusão depois de um longo período de consideração, que foi amadurecendo desde quando, com o “mensalão”, tiveram de pensar se era mesmo em Lula que iriam votar nas eleições de 2006. Para chegar à conclusão que dizem ter chegado, tiveram de pensar muito e avaliar denúncias até mais graves que as de hoje, pois envolviam diretamente o governo e pessoas muito mais centrais que o submundo atualmente em discussão. Se aqui chegaram “firmes”, não parece ser pelo que estão ouvindo agora, quando faltam dez dias para a eleição, que vão mudar. Tudo isso, é claro, se forem as que conhecemos as “novas denúncias”.
comentário: pergunte as pessoas "amadurecidas" qual o grau de informação e alcance daquilo que outrora leram?.

Talvez seja a hora, então, de nos perguntarmos qual a natureza do voto em Lula, porque tanta gente diz pretender votar nele, tanta, que tudo aponta para sua vitória em primeiro turno. Mais que um exercício acadêmico, isso pode ser essencial para que saibamos, como País, tirar das eleições que se avizinham aprendizagem e conseqüências, seja para o próximo quadriênio, seja para o futuro.

Parece-me que o primeiro passo é desfazer alguns equívocos que, a meu ver, têm impedido a adequada compreensão do que são e de como se formaram as intenções de voto em Lula. São cinco as principais teses equivocadas, que circulam quase desimpedidas no discurso de ampla porção de nossas elites, na sociedade e entre “formadores de opinião”:

1ª O voto em Lula é um voto “cínico”
É impressionante como essa suposição está presente nas opiniões e avaliações sobre a provável vitória de Lula este ano. Desde leigos a pessoas que se acham muito informadas, passando por eleitores que, eles próprios, pensam em votar no presidente, forma-se o sentimento de que é o “cinismo” do eleitor que explica o fato de Lula estar à frente.
Subjacente a essa idéia, parece estar o argumento que, para quem pretende votar em Lula, ética, moral, respeito às leis, são palavras sem sentido. Aceitar Lula é, assim, aceitar o vale-tudo e o jogo sujo, seja por concordar com ele, seja por não acreditar que exista alternativa.

Quem vê os eleitores de Lula dessa maneira não tem idéia de como foi traumático, para a quase totalidade deles, o “mensalão” e tudo que com ele veio à tona. Aquelas denúncias levaram os eleitores a uma revisão profunda de suas opiniões sobre o presidente e o PT, com a qual se debateram durante meses. Quem, como nós, acompanhou esse processo, através de inúmeras pesquisas, qualitativas e quantitativas, sabe que muitos desses, incluindo eleitores que sempre haviam votado Lula, hoje estão pensando em votar nos demais candidatos. Outros, como as mesmas pesquisas mostram, decidiram-se por Lula, mas nunca ignorando ou menosprezando o “mensalão”.

O voto em Lula não é, portanto, um voto de quem “não está nem aí” para a ética. Lula está sendo votado apesar do “mensalão” e não porque o “mensalão” é irrelevante para seus eleitores.

comentário: existem diversos grupos de esclarecidos*, óbvio, não mencionados. Um grupo enxerga apenas a necessidade de mudanças frente aos 12 anos do tucanato, esquece por exemplo, que existem deputados do partido de lula que nada fizeram para mudar o Pais. Outro grupo, tem um ambiente favorável para o próprio umbigo, para que mudar?. Outro grupo acredita na eterna luta entre direita e esquerda e votará sempre contra o que for taxado de direita.
*o esclarecido não permite o desvio ético de dinheiro do fome zero, por exemplo.
Antogônico não, o eleitor não ignora mas releva o mensalão. Qual a resposta?.

2ª O voto em Lula é um voto “burro”
Quando procuram “explicar” as razões de uma vitória de Lula, muitas pessoas em nossa elite ficam perplexas com a “burrice” do eleitor, que não consegue entender o “mensalão” e “tudo o que ele quer dizer” sobre Lula e seu governo. A isso se agrega a visão de que eleitores educados não votam Lula, sendo apenas entre analfabetos que está sua intenção de voto.

Os dados dessa e de muitas outras pesquisas não mostram isso, ao contrário. Lula não perde de Alckmin em nenhum nível de escolaridade e, em seu pior desempenho, empata com ele entre pessoas com escolaridade mais alta. Ou seja, há tantos eleitores com educação superior pensando em votar Alckmin, quanto em Lula.

Quanto ao argumento da “incapacidade de entender o mensalão”, o que estamos vendo é que muitos eleitores, sem desconhecê-lo (e sem achar que é irrelevante), apenas não fizeram aquilo que a oposição a Lula, ao que parece, queria que fizessem: que julgassem Lula e seu governo com o único critério do “mensalão”. Assim procedendo, ou seja, se recusando a uma avaliação tão simples e unidimensional, revelaram-se capazes de um julgamento mais “sofisticado” e complexo, tudo menos “burro”.

comentário: se existe o esclarecido, com certeza existe o "burro", termo utilizado de forma a chamar a atenção do eleitor ao mesmo tempo que fomenta o racismo ou luta de classes dos beneficiários do voto.
O eleitor de lula não faz diferenciação entre divida externa e interna, como avaliar se a politica atual é válida ou não para o futuro?. Não há a didática explicativa dos atos do governo, tão pouco a explicação sobre o ponto de vista da oposição. Isso torna o eleitor "burro".
Se a economia mundial está bem, cria-se a falsa ilusão de mundo maravilhoso, pagando-se a maior carga de impostos do mundo, ou seja, tira-se de um lado para dar por outro.

3ª O voto em Lula é um voto “manipulado”
Uma terceira maneira de desqualificar o voto de eleitores que pensam em Lula é dizer que é um voto “manipulado” por mistificações de vários tipos, da comunicação e do marketing, mas, especialmente, do Bolsa-Família, o “mensalinho” dos muito pobres, como se chegou a dizer.

Essa tese não se sustenta em nada de sólido. As evidências de que o Bolsa-Família “explica” o voto em Lula nas famílias beneficiárias, ao contrário, são muito frágeis. Para sustentar o argumento, seria necessário mostrar, por exemplo, que eleitores de famílias análogas, mas onde não há beneficiários, votam de maneira significativamente diferente, coisa que, até agora, não foi demonstrada com adequado rigor.

Se, no plano individual, a prova é, no mínimo, inconclusiva, no plano coletivo é menos ainda. Se fosse verdade que o programa tem esse tipo de impacto, seria razoável esperar que, em cidades onde a cobertura é maior, a propensão a votar em Lula aumentasse, seja por haver mais beneficiários diretos, seja por haver ganhos indiretos (no comércio, especialmente) que seus habitantes creditassem a ele.

Com base em pesquisas como as que fazemos, nós e os demais institutos, não se pode dizer isso, nem de longe. O que temos, quando classificamos os municípios incluídos em nossa amostra em categorias de cobertura, indo de “baixa”, “média”, “alta” a “muito alta”, é que todos os tipos de município tendem a votar de maneira semelhante. Ou seja, não há qualquer relação entre viver em municípios de “baixa” ou “muito alta” cobertura e votar ou não votar em Lula.

O Bolsa-Família é importante fator de voto em Lula, ainda que menos, para o eleitorado popular, que a política de salários e de preços que, em seu entender, o governo pratica e que é boa. Ambos são uma confirmação do que mais esperavam de Lula como presidente, por tudo o que ele tinha sido na vida: alguém que ia fazer diferença exatamente aí, nas condições de vida dos mais pobres. O Bolsa-Família é muito mais significativo como símbolo, do que como a “esmolinha” que muitos imaginam que é. O programa é a promessa cumprida, o compromisso básico que Lula honrou.

comentário: o autor tem a visão "esclarecida" que o pagamento em dinheiro aos miseráveis não compromete o plano eleitoral, mas sim, gera o reconhecimento da economia como um todo( eleitor "burro", logo acima), apesar do crescimento pífio, logo acima do Haiti em guerra civil. Aqui percebe-se a clara confusão do eleitor com ajuda em dinheiro e desempenho da economia, obviamente não esclarecida. Imaginem o miserável ético e não burro: ah doutor, se o pais está mal, não quero esse dinheiro não, o senhor tem que fazer a coisa melhorar e arrumar um emprego para nós e distribuir camisinhas de graça no posto.
O compromisso assumido não ocorreu, outrossim, a criação de empregos atingiria todas as áreas e não apenas serviços de baixa remuneração salarial, outro detalhe esquecido pelo autor.

4ª O voto em Lula é um voto “nordestino”
Das teses não substanciadas sobre o voto em Lula, a que mais facilmente se desmente é a que afirma que “Lula ganha por causa do Nordeste”, por isso se entendendo que sua vitória seria uma oposição entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Na fantasia de alguns articulistas, trazendo riscos de chegar à “ruptura” entre os dois.

Uma simples observação da tabela abaixo mostra que essa idéia não se sustenta:
Em outras palavras e ao contrário do que imaginam muitos: Lula parece ter condições de vencer as eleições no primeiro turno, com ou sem o voto do Nordeste. É fato que ele tem muitos votos na região, mas também é verdade que ele é votado, e muito, no que essas pessoas pensam ser o Brasil “moderno”.

comentário: mais uma vez a luta de classes. O autor não explica em economês claro, sobre a fraca industrialização do nordeste, taxa populacional ascendente, investimentos diretos pífios, números que indicam as carências regionais. O quadro demandaria um programa bilionário e inexequível, virando alvo fácil de programas assistencialistas. Claro, o último pacote de bolsa familia pré-eleição, foi uma necessidade emergencial.

5ª O voto em Lula é um voto de “miseráveis”
A última de nossas teses equivocadas (que poderiam ser até mais, tantas são as concepções sem fundamento atualmente em curso) é outra em que nossa elite parece acreditar piamente: Lula vai ser eleito pelos “miseráveis” e contra a vontade do resto do País.

A base para esse equívoco é a apressada leitura de resultados de pesquisas, amplamente propagadas por parte da imprensa, que mostrariam que Lula perde “de muito” nas classes de renda mais alta, mas compensa esse “fracasso” com alta intenção de voto entre os muito pobres. Entre esses (e aí este se liga ao equívoco anterior), Lula vence, pois “comprou” seu voto com as migalhas que distribui.

Qualquer profissional de pesquisa sabe que tirar conclusões de subamostras muito limitadas não é admissível. Na maior parte das vezes, no entanto, é isso o que ocorre: em uma amostra nacional com 2 mil entrevistas (qualquer que seja o tamanho de eventuais expansões estaduais), entrevistados de famílias com mais de dez salários mínimos de renda, são cerca de cem, se não se fizer uma cota específica. Em um estrato desse tamanho, a margem de erro pode passar de 30%, tornando qualquer interpretação puro exercício de fantasia.

Para indicar quão frágil é o argumento, podemos ver na tabela abaixo o resultado das respostas sobre intenção de voto entre pessoas com esse nível de renda, em uma amostra cumulativa com cerca de mil entrevistados, ou seja, com tamanho adequado:
O que os dados mostram é que Lula e Alckmin estão muito próximos na intenção de voto desse tipo de eleitor, a rigor empatados, na margem de erro, nacionalmente. Não há, portanto, razão para dizer que o voto em Lula é “miserável”. Considerando apenas os segmentos com renda relativamente mais elevada, ele tem tantos votos quanto o candidato do PSDB.

comentário: o resto do Pais, que o autor se refere, são cerca de 40 milhões de votos, detalhe à parte. Exercicio da fantasia é acreditar na resposta do pesquisado sobre sua renda salarial, como se um eleitor petista com renda de 20 s.m. estivesse andando no meio da rua.
Façamos um exercício aqui: retirem os votos de todos aqueles que recebem algum tipo de assistência governamental e façamos a pesquisa apenas com aqueles que recolhem IRPF.
Será o resultado outro?

terça-feira, setembro 26, 2006


Onde encontrar seres celestiais na politica?



Voz partidária

Candidato deve tirar de seu site ofensa ao partido

O pedetista João Orlando Duarte da Cunha, candidato a deputado federal, tem 24 horas para retirar do seu site o texto que traz ofensas ao próprio partido. “Acreditei que o partido carregasse ainda a bandeira honrada de Brizola. Ao invés disso, encontrei uma quadrilha vendendo horário eleitoral gratuito, só de mim exigindo R$ 100 mil por 15 segundos ou R$ 10 mil por três segundos de televisão”. A decisão é do Tribunal Regional Eleitoral paulista.

Segundo o juiz Percival Nogueira, “o perigo da demora reside na permanência da propaganda aparentemente ofensiva em diária e persistente violação à imagem do partido representante”. Ele ressaltou que a acusação é injuriosa, “na medida em que imputa aos dirigentes do partido em São Paulo conduta mercenária e, quiçá, criminosa”.

O inciso IX, artigo 243, do Código Eleitoral prevê que não será tolerada a propaganda que injuriar quaisquer pessoas. Cabe recurso.

Visite o blog Consultor Jurídico nas Eleições 2006.

Revista Consultor Jurídico, 25 de setembro de 2006

domingo, setembro 24, 2006



Um grande mistério da politica tupiniquim, é o diálogo "midiático" propagando o mundo maravilhoso em que vivemos. Curiosamente, na mesma midia, elementos fundamentais desaparecem, como por exemplo, a identificação clara do partido ou coligação, como se uma verdade cruel pudesse comprometer o discernimento de alguém, digamos, detentor de um título eleitoral.
O caso ao lado, considero grave. Frente a enxurrada de denúncias contra um certo partido, cuja defesa se baseia na inveja das elites golpistas, nunca identificadas ou do traidor sujeito oculto em diversas frases, provavelmente o "marqueteiro" achou melhor omitir alguns dados, digamos, comprometedores ou dificeis de explicar.

quinta-feira, setembro 21, 2006


Imagem divulgada pela sonda Mars Express mostra a famosa "cara de Marte", na região da Cidônia no planeta vermelho; a foto foi tirada no último dia 22 de julho, direto do http://www.strangedays.it/aliendream/26_marte.html
Aguardamos as fotos do mar de gelo.
Muitas teorias conspiratórias, remetem a demora, por conta de uma meticulosa" analise" pela "NSA mundial", outrossim, sempre haverá o receio de alguma desilusão religiosa mundial e a deteriorização da economia global com descobertas inoportunas.
Influência direta da série X-files....

quarta-feira, setembro 20, 2006


PRO TESTE afirma: títulos de capitalização descapitalizam o consumidor

A PRO TESTE – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor analisou 46 títulos de capitalização de 11 instituições e comprovou que todos eles prejudicam o consumidor. O consumidor não ganha nada, já que apenas uma parte do total depositado é capitalizada. O resultado desta análise está na revista PRO TESTE de abril.

Todos os títulos oferecem ao investidor a possibilidade de ser premiado em um sorteio, mas efetivamente beneficiam uma parcela muito pequena de seus clientes – os sorteados. Até quem gosta de se arriscar tem chances melhores na Loteria Federal.

Para dar um exemplo, a PRO TESTE relata o caso de um associado que, por recomendação do gerente de seu banco, investiu R$ 20 mensais em um título de capitalização durante um ano, o que, somado, dá R$ 240. No final da vigência do título, contudo, ele só recebeu de volta R$ 200,95.

Se considerarmos a média de parcela capitalizada, de cada R$ 1.000,00 depositados em um título, a remuneração só incidirá, em média, sobre R$ 843,80. O restante remunera a instituição. Além disso, a remuneração que incide sobre parte do total depositado é muito baixa. Incluem-se nessa situação os títulos oferecidos por bancos do governo. Todos eles são regulamentados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão criado para defender o consumidor, entre outras atribuições.

Diante disso, a PRO TESTE orienta os consumidores a se desligarem destas aplicações, e mais: quer a retirada de todos os títulos de capitalização do mercado até que sejam reformuladas as normas que regem estes produtos, para assegurar mais informação ao consumidor e uma efetiva remuneração ao seu dinheiro.
leia mais aqui:
http://www.proteste.org.br/map/src/414091.htm

segunda-feira, setembro 18, 2006



Terror politico.

Preso por negociar dossiê diz que dinheiro veio do PT.


Partido e revista pagariam por supostas evidências contra Serra, afirma advogado
Gedimar Pereira Passos não revelou à Polícia Federal nome de petista de quem teria recebido parte dos recursos com que foi detido
HUDSON CORRÊADA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
O advogado Gedimar Pereira Passos -preso anteontem em São Paulo, onde receberia um dossiê contra José Serra, candidato do PSDB ao governo do Estado- disse à Polícia Federal que recebeu de um representante do PT o dinheiro para comprar os documentos. Ele disse não saber o nome do petista, mas o descreveu à PF.

sábado, setembro 16, 2006



Uma panorâmica do momento de denúncias sobre Serra.

IG e Terra com inversão da gravidade do problema. É Lula o inconformado e não Serra.

Já o Globo com destaque e no tom certo.

O UOL esconde a noticia, mas acerta na "vitima".

Para a midia tanto faz Lula ou Serra, a verba de propaganda está garantida, apesar de existir um gigantesco Brasil carente, o qual nosso Presidente faz questão de ignorar, única forma de explicar gastos com avião novo, investimentos na Bolivia e Venezula, perdão da divida de ditaduras militares africanas, propaganda institucional sem precedentes e a permissividade com mensalão e sanguessugas.

E depois a classe média* é rotulada de golpista.

* O governo considera classe média todos aqueles cujo salário ultrapassa R$ 1200,00 reais.

Interessante mesmo é um dos spots desta eleição, onde afirma-se que muitos entraram na classe média. Curioso, não consigo visualizar a cara de alegria de alguém passando a recolher IRPF.


Às vezes me pergunto se o PCC é a grande ameaça a sociedade...
>
Por Evandro Fadel, no Estadão On Line: “O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, não escondeu a indignação na noite desta sexta-feira, 15, em Curitiba, ao assistir pela televisão reportagem sobre a prisão do empresário Luiz Antônio Vedoin e do suposto intermediário do PT em Cuiabá, Valdebran Padilha, que tentariam envolver seu nome e o de José Serra, candidato ao governo de São Paulo, pelo PSDB, no esquema de fraude com ambulâncias. ‘Mais uma vez o PT ligado ao crime", afirmou. "Para onde você olha tem um crime, tem o PT metido no crime.’ Alckmin assistiu à reportagem no hotel, onde está hospedado depois de o comício que realizaria em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, ter sido cancelado em razão da chuva. "Infelizmente o crime se alastrou por dentro do PT", disse. ‘A direção do PT foi toda denunciada pelo procurador-geral da República, a quadrilha dos 40, o presidente José Genoíno, o tesoureiro Delúbio Soares e o secretário Silvio Pereira, cinco ministros do Lula denunciados ou indiciados pela polícia, e não aprendem. Está aí de novo, mais um crime. Infelizmente é isso que está acontecendo na política brasileira.’"
>
resumo direto do reinaldo ....não deixem de ler a matéria completa.

sexta-feira, setembro 15, 2006


para não esquecer...



"Cariocas e paulistas dão início ao torneio Rio-SP"

Cariocas e paulistas dão início ao torneio Rio-SP.

E aí, caro leitor interessado nas nuanças da língua portuguesa, qual a inadequação existente na frase acima, muito usada atualmente em virtude do início do citado torneio? O problema está na utilização do adjetivo pátrio (adjetivo que indica a naturalidade do indivíduo) "carioca".

O torneio não abrange apenas times das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, e sim dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Há representantes das cidades de São Paulo, Campinas, Jundiaí, São Caetano e Santos, do estado de São Paulo, e do Rio de Janeiro e de Campos, do estado do Rio de Janeiro. Aí em que está o problema. Vamos à explicação:

O adjetivo pátrio da cidade de São Paulo é "paulistano"; do estado de São Paulo, "paulista". O adjetivo pátrio da cidade do Rio de Janeiro é "carioca"; do estado do Rio de Janeiro, "fluminense". Os jornais e as revistas, além das emissoras de rádio e de televisão, deveriam, então, estruturar a frase da seguinte maneira:

Fluminenses e paulistas dão início ao torneio Rio-SP

Outros adjetivos pátrios importantes:

Estados e cidades brasileiros:

Acre = acreano ou acriano
Alagoas = alagoano ou alagoense
Amapá = amapaense
Aracaju = aracajuano ou aracajuense
Amazonas = amazonense
Belém (PA) = belenense
Belo Horizonte = belo-horizontino
Boa Vista = boa-vistense
Brasília = brasiliense
Cabo Frio = cabo-friense
Campinas = campineiro
Campina Grande = Campinense
Curitiba = curitibano
Espírito Santo = espírito-santense ou capixaba
Fernando de Noronha = noronhense
Florianópolis = florianopolitano
Fortaleza = fortalezense
Goiânia = goianiense
João Pessoa = pessoense
Londrina = londrinense
Macapá = macapaense
Maceió = maceioense
Manaus = manauense ou manauara
Maranhão = maranhense
Marajó = marajoara
Natal = natalense
Porto Alegre = porto-alegrense
Porto Velho = porto-velhense
Ribeirão Preto = ribeirão-pretano
Rio de Janeiro (estado) = fluminense
Rio de Janeiro (cidade) = carioca
Rio Branco = rio-branquense
Rio Grande do Norte = rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense ou potiguar
Rio Grande do Sul = rio-grandense-do-sul, sul-rio-grandense ou gaúcho.
Rondônia = rondoniano ou rondoniense
Roraima = roraimense
Salvador (BA) = salvadorense
Santa Catarina = catarinense, catarineta ou barriga-verde
Santarém = santareno
São Paulo (estado) = paulista
São Paulo (cidade) = paulistano
Sergipe = sergipano
Teresina = teresinense
Tocantins = tocantinense

Países
Afeganistão = afegão, afegane ou afegânico
Croácia = croata
Costa Rica= costa-riquense, costa-riquenho, costarriquense ou costarriquenho
Estados Unidos = estadunidense, norte-americano, americano ou ianque.
Guatemala = guatemalteco ou guatemalense
Índia = indiano ou hindu (os que professam o hinduísmo)
Irã = iraniano
Israel = israelense ou israelita (indivíduo que professa a religião judaica)
Moçambique = moçambicano
Mongólia = mongol ou mongólico
Panamá = panamenho
Porto Rico = porto-riquenho ou porto-riquense
São Salvador = salvadorenho ou salvatoriano
Somália = somali ou somaliano

http://vestibular.uol.com.br/pegadinhas/ult1796u20.jhtm

quinta-feira, setembro 14, 2006


A mágica de Lula desnuda

Um documento 3 – salários, cesta básica e Nordeste

Notava o documento de Mendonça de Barros: “O aumento real do salário mínimo e a queda dos preços dos alimentos têm permitido forte crescimento do poder de compra da população mais pobre. Note-se que o aumento da inclinação da curva do poder de compra do salário mínimo (em número de cestas básicas) ocorre a partir de 2005, exatamente quando os alimentos passam a ter deflação. Esta deflação persiste até agora (13% acumulada em 12 meses até março de 2006 no IPA agrícola). Apenas em 2006, o aumento real do mínimo passará a pesar para a melhoria do poder de compra.” Sobre o Nordeste, dizia o documento: “Os dados do IBGE mostram forte expansão das vendas regiões mais pobres: no N/NE o comércio cresce 15% ao ano desde meados de 2005, exatamente o momento do início da deflação dos alimentos, coincidindo também com a ampliação do bolsa família nesta regiões. Nesta região não é descabido dizer que a sensação é de crescimento chinês. Note-se ainda o desempenho tímido no Sudeste, região menos atingida por estes programas. Na região Sul há um verdadeiro desastre: queda de 1% nas vendas. Não é surpresa, pois os estados do Sul são duplamente penalizados: a queda dos preços agrícolas e a apreciação cambial atingem especialmente esta região. O mesmo padrão se repete nos dados de rendimento e massa salarial. A pesquisa de emprego do IBGE investiga apenas 6 regiões metropolitanas, mas mesmo assim há evidências no mesmo sentido: enquanto a massa salarial real (rendimento real + aumento de emprego) cresce 5% ao ano no Sudeste, no Nordeste há aumento de 8%. Note-se que as curvas também passam a divergir em meados de 2005.” O texto está ricamente ilustrado por gráficos. Pois bem, dados esses números, vejam na nota seguinte o que apontou a pesquisa Datafolha

fonte: blog do reinaldo azevedo
link: www.reinaldoazevedo.com.br

Coisas para não cair no esquecimento.

Não importa se Lula será reeleito ou não, em primeiro ou em segundo turno. A esta altura da campanha, também já não importa se os temas essenciais terão sido discutidos em público. O mais importante, para o futuro presidente e para o Brasil, é livrarem-se com segurança da esquizofrenia.

O que há de mais esquizofrênico no Brasil hoje é a sensação geral de que o valerioduto foi só um sonho, ou melhor (pior), um pesadelo. Isto, só no caso dos obsessivos. A maioria das pessoas normais parece nem ter sonhado com isso. A oposição não pronuncia o nome de Marcos Valério, a imprensa se cansou dele e a vida vai seguindo como numa tarde morna de domingo.

Quem se incomodou com essa letargia dominical foi o jornalista Ivan Patarra, ex-assessor de imprensa de Luíza Erundina. Antes que achasse que tinha ficado maluco com aquelas assombrações de valérios, delúbios e silvinhos, ele pôs tudo no papel, passo a passo, reconstituindo a completa saga do mensalão, que chocou o Brasil no longínquo ano de 2005.

A seguir, alguns trechos do livro “O chefe”, cuja leitura pode ser de grande utilidade para brasileiros não-lobotomizados:

“A revista ‘Isto É Dinheiro’ publica duas entrevistas com Fernanda Karina Ramos Somaggio, uma ex-secretária do empresário Marcos Valério, o dono das agências de publicidade DNA Propaganda e SMPG Comunicação. Ela acusa Valério de envolvimento com o esquema de compra de deputados.
Fernanda Karina relata os encontros freqüentes de Valério com dirigentes do PT. Cita Delúbio Soares, Silvio Pereira, e reuniões em hotéis de São Paulo e Brasília.
– Em que hotéis?
– O Blue Trees, em Brasília, o L’Hotel, em São Paulo, o Sofitel, também em São
Paulo.
A secretária testemunhou saídas de dinheiro:
– Com certeza. O Marcos Valério ficava o tempo todo com o Delúbio Soares.
Era o Marcos quem pegava o negócio e levava de um lugar para o outro.
– Onde o dinheiro era retirado?
– Era sempre no Banco Rural. E era coisa grande. Algumas vezes pouco, R$ 50
mil, R$ 30 mil. Às vezes muito, mas muito mais.
Para ela, Delúbio era o mais próximo de Valério no esquema:
– Depois, o Delúbio abriu as portas e aí tinha o José Dirceu, o Silvio Pereira.
– Como era o contato com o ministro José Dirceu?
– Havia ligações. A gente ligava e pedia para a menina do Delúbio colocar ele
em contato com o Marcos Valério.
– Então o Valério tinha uma comunicação direta com o Dirceu?
– Sim.”

“A revista ‘Isto É’ também destaca o deputado José Janene (PP-PR), o chefe de
Genu. O relato dos repórteres Amaury Ribeiro Jr. e Luiz Cláudio Cunha é demolidor: ‘Curiosamente, nos dois primeiros anos do governo Lula, que coincidem com a idéia milagrosa do mensalão denunciado pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, Janene desencravou da miséria. Documentos obtidos por Isto É em cartórios, órgãos oficiais e sindicatos rurais do Paraná mostram que Janene e sua mulher, Stael Fernanda, viraram proprietários em 2003 e 2004 de uma dezena de fazendas, imóveis e uma frota de carros importados avaliados em cerca de R$ 7 milhões. O casal amealhou tudo isso ganhando, junto, R$ 200 mil anuais, média mensal de R$ 16,5 mil – pouco mais que meio mensalão’.”

“A Polícia Federal analisa documentos apreendidos nos setores de contabilidade das empresas do empresário, mas não há registros de transações com gado ou cavalos. Valério mencionou negócios no setor pecuário como justificativa para saques em dinheiro, no valor de R$ 20,9 milhões, efetuados no Banco Rural. As investigações constataram novos números: durante o governo Lula, o patrimônio de Valério teria saltado de R$ 2 milhões para R$ 6,7 milhões.”

“O jornal ‘O Globo’, do Rio, publica que a Telemar, uma das maiores operadoras
de telefonia do país, comprou ações da Gamecorp, a empresa de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente Lula. A Telemar, concessionária de serviço público, é
constituída com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco do Brasil e fundos de pensão de empresas estatais. Investiu R$ 5 milhões na Gamecorp. Agora, tem ações da empresa de Lulinha e o direito de usar programas de jogos para telefones celulares. (…) No início, a Gamecorp tinha um capital social de R$ 100 mil. Com o novo negócio, a expectativa de faturamento já alcança R$ 7 milhões em 2005.”

“O ex-tesoureiro do Banco Rural relata que Simone Vasconcelos, representante
da SMPB em Belo Horizonte, fazia retiradas na agência do Brasília Shopping. Mas não levava o dinheiro com ela. Assinava recibos e listava os nomes daqueles que passariam depois para receber. Na maioria das vezes, eram pacotes de R$ 50 mil ou R$ 100 mil. As pessoas, por determinação dela, não precisavam se identificar. A Polícia Federal confirma que localizou documentos comprovando saques em nome da SMPB na agência em Brasília, mas estranhou a falta de identificação dos sacadores.”

“O ‘Jornal Nacional’, da TV Globo, noticia que assessores e até familiares de deputados do PT estiveram no Banco Rural, na agência do Brasília
Shopping, local de pagamento do mensalão. Anita Leocádia Pereira Costa, assessora do líder do PT na Câmara, deputado Paulo Rocha (PA), foi à agência duas vezes. Reação do deputado Rocha: a funcionária foi fazer consulta médica em uma clínica neurológica, que também funciona no prédio. Márcia Milanésio Cunha, casada com o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), esteve no Banco Rural três vezes. Reação de Cunha, divulgada em nota: a mulher esteve na agência para resolver um problema relativo ao pagamento de uma conta de televisão a cabo.”

“Não há mais dúvida: Silvio Pereira ganhou o jipe Land Rover da GDK, a
empresa contratada pela Petrobrás. César Roberto Santos Oliveira, vice-presidente da GDK, deu mesmo o presente ao secretário-geral do PT. José Paulo Boldrin, dono da revendedora de automóveis Eurobike, de Ribeirão Preto (SP), confirmou o negócio.
Vendeu o carro depois que recebeu um depósito de R$ 73.500,00. O jipe é um Land
Rover modelo Defender 90-SW, ano 2003. O carro já saiu da Eurobike em nome de Silvinho. E foi entregue na casa dele, em São Paulo.
A GDK doou R$100 mil para a campanha de Lula. Em 2003, primeiro ano de
governo, faturou R$ 145 milhões em contratos com a Petrobrás. Em 2004, venceu dez licitações promovidas pela estatal. Total em jogo: R$ 512 milhões.”

“O procurador-geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, divulga o resultado do inquérito conduzido por ele sobre o escândalo do mensalão. São denunciadas 40 pessoas ao STF (Supremo Tribunal Federal), em decorrência das investigações.
(…)
Antonio Fernando de Souza ressalva que ‘todas as imputações feitas pelo exdeputado Roberto Jefferson ficaram comprovadas’. As investigações ‘evidenciaram o loteamento político dos cargos públicos em troca de apoio às propostas do governo, prática que representa um dos principais fatores do desvio e má aplicação de recursos públicos, com o objetivo de financiar campanhas milionárias nas eleições, além de proporcionar o enriquecimento ilícito de agentes públicos e políticos, empresários e lobistas que atuam nessa perniciosa engrenagem’. E mais:
‘Os denunciados operacionalizaram desvio de recursos públicos, concessões de
benefícios indevidos a particulares em troca de dinheiro e compra de apoio político, condutas que caracterizam os crimes de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, corrupção e evasão de divisas’.
Ao abordar a movimentação financeira dos investigados, o procurador-geral
aponta: os denunciados ‘mantinham um intenso mecanismo de lavagem de dinheiro com a omissão dos órgãos de controle, uma vez que possuíam o apoio político, administrativo e operacional de José Dirceu, que integrava o governo e a cúpula do Partido dos Trabalhadores’.
(…)
Em conjunto com dirigentes do Banco Rural, ‘Marcos Valério desenvolveu um esquema de utilização de suas empresas para transferência de recursos financeiros para campanhas políticas, cuja origem, simulada como empréstimo do Banco Rural, não é efetivamente declarada, mas as apurações demonstraram tratar-se de uma forma de pulverização de dinheiro público desviado através dos contratos de publicidade’.
(…)
A investigação conclui que, ‘no mínimo, R$ 55 milhões, repassados pelos
Bancos Rural e BMG, foram entregues à administração do grupo de Marcos Valério, sob o fundamento de pseudos empréstimos ao publicitário, empresas e sócios, e foram efetivamente utilizados nessa engrenagem de pagamento de dívidas de partido, compra de apoio político e enriquecimento de agentes públicos’.
(…)
‘O ex-ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica da presidência da República, Luiz Gushiken, e o ex-diretor de marketing e comunicação do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, em atuação orquestrada, desviaram, no período de 2003 e 2004, em benefício do grupo liderado por Marcos Valério e do Partido dos Trabalhadores, vultosas quantias do fundo de investimento Visanet, constituído com recursos do Banco do Brasil’.”

Isso não aconteceu em Marte. Aconteceu no planeta Terra, na República Federativa do Brasil. No ano passado.
Aqui estão apenas algumas pílulas de “O chefe” – que não é uma bomba, apenas um bom roteiro. Ou talvez uma literatura terapêutica para desmemoriados.

http://politicaecia.nominimo.com.br/
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quarta-feira, setembro 13, 2006

O stop de abertura é um elemento extremamente importante na maior parte dos sistemas ópticos. A sua função mais óbvia é reduzir a quantidade de luz que pode chegar ao plano de imagem de modo a prevenir a saturação de um detector ou causar a sobre-exposição de uma película.
fonte: wikipédia
link: http://pt.wikipedia.org/