ILUMINÂNCIA

Carl Sagan em seu livro "Mundo assombrado pelos demônios", relata algo que pode ser a explicação pelo non sense do eleitor brasileiro frente a corrupção: "Se somos enganados por tempo suficiente, tendemos a rejeitar qualquer evidência de nosso engano. Não temos mais interesse em descobrir a verdade. O engano nos dominou. É demasiado doloroso admitir, mesmo para nós mesmos, que fomos capturados. Uma vez que você dá poder sobre você mesmo a um charlatão, é quase impossível recuperá-lo."

terça-feira, junho 10, 2008

Nossa articulista esquece de mencionar o dono maior da chave do cofre, aquele que faz chover. Pena.
Chamem o bispo, ups, recebeu verba do governo e está viajando...
ELIANE CANTANHÊDE

"O lado podre da hipocrisia"

BRASÍLIA - Não bastasse Lula abraçar e elogiar Fernando Collor (que ajudou a derrubar), defender Renan Calheiros, se aliar a Jader Barbalho e achar bacana o governador Cid Gomes contratar jatinho para uma farra em família(s) na Europa com dinheiro público, Lula agora ataca a lei. A lei!
Segundo ele, o veto a verbas federais para prefeituras três meses antes das eleições (para evitar compra de votos e favorecimento) é "falso moralismo" e o "lado podre da hipocrisia brasileira".
O problema não parece ser só com essa lei, mas com qualquer uma votada pelo Congresso de "300 picaretas" que atrapalhe seus planos e contrarie suas vontades, pois, como reis e crianças mimadas, Lula não pode ser contrariado.
Foi assim com a Varig. Lei que limita em 20% o capital externo no setor? Deixa para lá. Prazos, recursos, pareceres? Deixa para lá. Juiz? Deixa para lá. Nas reuniões internas, Dilma Rousseff ia logo avisando que "o governo não vai se submeter à decisão de um juiz de quinta...", como relatou o então presidente da Anac, Milton Zuanazzi, em e-mail para Dilma, que ele nega e todo mundo confirma.
Já que a lei não vale nada e o juiz é "de quinta", dá-se um jeito na lei e no juiz. Assim, o juiz Luiz Roberto Ayub aproximou-se do governo e parou de contrariar o presidente, o compadre do presidente e a ministra. Abandonou o "falso moralismo" e passou a contrariar a lei.
A oposição não tem muito o que fazer. Falar em CPI está fora de questão, por motivos óbvios. E quem pode atirar a primeira pedra, com os governos tucanos fazendo água? Em Alagoas, o barco já afundou. No Rio Grande do Sul, uma fita do vice-governador com o secretário do governo encharcou a gestão Yeda Crusius. Em São Paulo, covistas, serristas e alkimistas dividem os respingos da Alstom.
Lula se coloca acima da lei, e os tucanos estão debaixo d'água. A quem recorrer? Ao bispo.